Ciência: A nova Religião

Bom, o fato que quero lhes chamar a atenção envolve cultura de massas.
Venho também lhes lembrar de que um dia o mundo já foi dominado pela Igreja, numa época de guerras. Tal época ficou conhecida por Idade Média ou Idade das Trevas, justamente porque o povo não tinha acesso ao conhecimento naquela época. Antes disso existia a antiguidade e nela estava uma grande diversidade de filósofos. Os mais importantes nesse contexto são Platão e Aristóteles. Estes foram os que, com suas idéias mal interpretadas pelos outros homens, abriram caminho para a criação da Igreja.
O que está acontecendo mais uma vez, meus caros, é uma interpretação mal feita de nossa Filosofia. Estamos rumo a uma nova idade. Virados para o lado de dentro da caverna e presos pelas correntes da ciência*, este será nosso futuro estágio.
Antes da Religião, a busca do saber era o bem e o ignorante era o mal. Ser ignorante era fazer um mal a si mesmo e, acima de tudo, não contribuir para o crescimento da sociedade. Pois bem, após muito tempo de persistência, a religião perdurou e conseguiu implantar o que podemos chamar de “pensamento da Igreja” na sociedade ocidental. Criou-se assim o bem e o mal: o bem era aquele que acreditava e seguia os passos de Jesus Cristo e a Bíblia. O Mal, aquele que não fazia o que a Bíblia dizia, condenando até mesmo os que procuravam outra salvação que não a de Deus.
Após muitos anos, a Ciência se desmembrou da Filosofia. A princípio um bem, sem dúvida: evolução do pensamento, das máquinas, do modo de ver o mundo. Mas logo depois o que se nota é mais uma vez a alienação do ser humano, controlado por mais uma cultura de massas**.
Hoje o povo é pego por uma necessidade diferente: a de comprar. Vivendo em um mundo capitalista, qual a melhor escolha? Os melhores produtos, logo, os mais modernos, com mais tecnologia. E é assim que a Ciência está conseguindo espaço no mundo. A Religião, por sua vez está mostrando sinais de decadência (não que ela vá se extinguir, até porque isso não é necessário).
Quando o Papa Bento XVI concordou com a idéia de Darwin (a da seleção natural) ele começou a mostrar sinais de fraqueza diante da nova cultura, reforçando a minha idéia de que a Igreja, sem poder fazer nada, acaba por deixar a Ciência se espalhar.
Algumas analogias entre ciência e igreja podem ser feitas. Criação do bem e do mal pela Religião, e Verdade e Mentira pela Ciência. Acredito que ambas são culturas de Massa que dominam boa parte do mundo. Ambas suprem as necessidades desse mesmo mundo, na sua forma mais superficial. Ouso até dizer que covardemente fazem isso. Ambas impõem opiniões e não deixam o ser humano ser livre para pensar.
Afirmo aqui, que um mundo não pode viver só de Razão e nem só de Amor. Só Razão leva a um mundo sem sentimentos e bem robótico (característica de quê?). Só Amor leva a um mundo muito sentimental e instintivo (isso se parece com o que?). A Religião pregou o Amor e somente isso. A Ciência pregou a Razão e somente isso. As conseqüências podem ser Ateus exagerados. Ouso dizer aqui que tudo é equilíbrio e o mundo só terá sua plenitude quando ele tiver equilíbrio. Se fôssemos movidos apenas pela razão, seríamos apenas robôs e se fôssemos movidos somente pelas emoções, nós seríamos apenas mais uma espécie animal. Não se esqueçam de que o ser humano só é igual aos outros animais de um ponto de vista biológico; quanto à razão, o ser humano é muito mais desenvolvido do que os demais. O que quero dizer que não é necessário somente amor e nem somente razão. A plenitude só será conseguida por aqueles que buscarem o equilíbrio dessas duas características. Só assim estaremos exercitando o “ser humano” na sua mais íntima significação.
O que devem pensar é que quero formar uma nova ordem mundial e abolir a Ciência. Não, o que quero é muito diferente disso. A Ciência é necessária, o que não pode acontecer é sua massificação. Se fosse feita uma nova ordem, o que se teria era mais uma cultura de massas. O que faço é chamar atenção para um ponto em que poucos tocaram. Digo aqui que nosso mundo precisa de liberdade.
Foi desmembrando partes da Filosofia que se conseguiu criar culturas de massa, mas a custo de quê? Opinião única. A Igreja até mesmo ousou chamar sua opinião de certa (ortodoxa).
Quero um mundo livre onde o ser humano em si será mais valorizado. Um mundo em que existirão vários tipos de pensamentos e não só um. Um mundo em que as culturas de massa vão somente influenciar a vida de poucos, saudavelmente. Quero um mundo de liberdade, sem fronteiras, sem guerras, sem poluição. Quero um mundo nosso, e não de uma seita ou pensamento. E também, um mundo em que cada um possa exercitar o seu próprio mundo.

*Mito da caverna de Platão – Diz respeito a um dialogo de Sócrates com um cidadão chamado Glauco. Neste dialogo, Sócrates usa seu tão famoso método da ironia para mostrar como às vezes estamos errados, mas não somos capazes de enxergar isso. O mito fala de homens presos com correntes, obrigados a olharem para o lado de dentro da caverna de tal forma que a luz de uma fogueira, que está na entrada da caverna, projeta luzes na parede interna criando sombras. Esses homens nunca viram nada diferente daquelas sombras. Nasceram ali e a única coisa que viam eram sombras, às vezes de esculturas e animais. Quando escutavam vozes ou ruídos, achavam que eram provenientes das sombras. Pois bem, um dia esses homens são soltos e ficam tão estupefatos com a luz que os passava pelas costas, que mal conseguem acreditar. O resultado final é que eles perceberam que sua realidade não passava de sombras e eles acabavam de se virar para a luz, para a nova realidade. Não a absoluta, pois nunca sabemos se estamos ainda presos as correntes, talvez estejamos, e a realidade que nos cerque nada tem a ver com o que vemos.

** Cultura de massas (ver documentário Zeitgeist, disponível na internet) – O termo se refere a culturas produzidas para a população em geral, disseminadas por veículos de comunicação em massa (TV, Rádio, etc). No caso do texto “Ciência: A nova Religião”, trata-se de culturas de massas cultivadas por quase todo o mundo, dando às mesmas poder suficiente para controlá-lo.

(Arthur Hisoka Rodrigues)

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